O câncer de bexiga é um tipo de tumor que se origina nas células do revestimento interno da bexiga, chamado de urotélio. Apesar de mais frequente em homens, acomete também mulheres e normalmente se manifesta após os 60 anos de idade, embora possa ocorrer em qualquer idade. A detecção precoce é crucial, pois, em seus estágios iniciais, o câncer de bexiga pode ser tratado de forma eficaz e curativa, preservando a função da bexiga.
O câncer de bexiga tem sido reconhecido por décadas como um dos cânceres mais comuns do sistema urinário. Com o aumento da expectativa de vida e o desenvolvimento de técnicas diagnósticas, mais casos estão sendo identificados. As formas de tratamento do câncer de bexiga evoluíram ao longo do tempo, desde abordagens mais invasivas até a introdução de técnicas minimamente invasivas, como a cirurgia robótica.
Fatores de Risco
Os principais fatores de risco para o câncer de bexiga incluem:
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Tabagismo: É o fator de risco mais importante. Produtos químicos presentes no cigarro são filtrados pelos rins e excretados na urina, causando danos às células do revestimento da bexiga.
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Exposição a produtos químicos: Exposição prolongada a certas substâncias químicas usadas na indústria, como corantes, borracha e petróleo, pode aumentar o risco de câncer de bexiga.
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Histórico de infecções urinárias crônicas: Infecções repetidas e irritações crônicas da bexiga também estão associadas a um risco aumentado.
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Idade e sexo: Homens, principalmente acima dos 60 anos, têm um risco maior de desenvolver câncer de bexiga.
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Histórico familiar: Ter parentes com câncer de bexiga pode aumentar o risco de desenvolver a doença.
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Outras causas também podem estar associadas, como: radioterapia, quimioterapia com ciclofosfamida e alguns medicamentos para o diabetes.
Manifestações Clínicas
Os sintomas do câncer de bexiga podem variar, mas os mais comuns incluem:
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Hematúria (sangue na urina): É o sintoma mais frequente e geralmente o primeiro sinal da doença. Pode ser visível a olho nu ou detectado em exames laboratoriais.
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Dor ou ardência ao urinar, semelhante a uma infecção urinária.
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Necessidade frequente de urinar: Mesmo quando a bexiga está vazia.
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Dor pélvica ou lombar em estágios mais avançados.
Esses sintomas, especialmente a hematúria, não devem ser ignorados e precisam ser investigados o quanto antes, pois podem ser sinais precoces da doença.
Diagnóstico
O diagnóstico do câncer de bexiga envolve uma série de exames que ajudam a identificar a presença de tumores e a determinar sua extensão. As principais ferramentas diagnósticas incluem:
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Exame de urina: Pode detectar a presença de sangue ou células cancerosas.
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Cistoscopia: Um procedimento no qual um endoscópio, aparelho com câmera na extremidade, é inserido pela uretra para visualizar diretamente a bexiga. Esse é o exame de escolha para a identificação de tumores na bexiga.
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Biópsia: Durante a cistoscopia, pode ser realizada uma biópsia (remoção de amostras de tecido) para confirmar a presença de câncer e analisar seu tipo e grau de agressividade.
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Exames de imagem: A tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM) podem ser usadas para determinar se o câncer se espalhou para fora da bexiga.
Tratamento do Câncer de Bexiga
O tratamento do câncer de bexiga depende do estágio da doença, variando desde procedimentos locais, como a ressecção transuretral de tumores, até intervenções mais invasivas, como a cistectomia radical. Vamos explorar as principais opções:
Ressecção Transuretral de Tumor de Bexiga (RTU de Bexiga)
Nos casos iniciais, quando o tumor ainda está confinado ao revestimento da bexiga (não invasivo), a ressecção transuretral de tumor de bexiga é o tratamento mais comum. Esse procedimento minimamente invasivo é realizado através da uretra, com o uso de um endoscópio para remover o tumor.
Após a ressecção, pode ser necessário o uso de terapia intravesical, como a administração de BCG (Bacilo de Calmette-Guérin) ou quimioterapia diretamente na bexiga, para reduzir o risco de recidiva.
Cistectomia Radical
Nos casos mais avançados, quando o câncer invade as camadas mais profundas da bexiga, pode ser indicada a cistectomia radical, que é a remoção total da bexiga. Esse procedimento é realizado para tratar tumores invasivos, e em homens, inclui a remoção da próstata e das vesículas seminais, enquanto em mulheres, pode envolver a remoção do útero e de parte da vagina.
Cistectomia Radical Robótica
A cistectomia radical robótica é uma das abordagens mais avançadas para o tratamento do câncer de bexiga invasivo. Realizada com o auxílio de um sistema robótico, essa técnica oferece uma série de vantagens em comparação com a cirurgia aberta tradicional:
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Menor trauma cirúrgico: As incisões são pequenas, o que resulta em menos dor e recuperação mais rápida.
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Maior precisão: O cirurgião tem uma visão 3D ampliada e controla instrumentos robóticos que oferecem movimentos mais precisos, preservando ao máximo estruturas importantes.
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Menos complicações pós-operatórias: A cirurgia robótica está associada a menor perda de sangue, menos infecções e recuperação mais rápida.
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Reconstrução da via urinária: Após a remoção da bexiga, o cirurgião pode criar uma nova maneira para o corpo armazenar e expelir a urina
Quimioterapia e Imunoterapia
Em alguns casos, especialmente quando o câncer é mais agressivo ou há risco de metástase, pode ser indicada antes ou após a cirurgia (neoadjuvante ou adjuvante) para aumentar as chances de cura.
O câncer de bexiga é uma condição que requer atenção. Com um diagnóstico precoce, as chances de sucesso do tratamento e boa recuperação são muito altas, desde a ressecção transuretral, para tumores iniciais, até a cistectomia radical robótica, para casos mais avançados. A escolha do tratamento mais adequado depende de uma avaliação cuidadosa do estágio do tumor e da saúde geral do paciente. Se você notar sintomas como sangue na urina ou dor pélvica, consulte um especialista em uro-oncologia para avaliação.